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Igreja
da Matriz Nossa Senhora da Conceição |
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Este
templo dedicado a Nossa Senhora da Conceição,
um dos mais significativos símbolos da identidade
local, foi erguido por Francisco Carvalho da Cunha,
que por volta de 1741 se estabelecera nos Campos de
Viamão, no sítio chamado Estância
Grande. O projeto foi do Brigadeiro José Custódio
de Sá e Faria, com desenho de Francisco da Costa
Sene, construtor e mestre-carpinteiro, e sua construção
durou de 1766 a 1769, tendo sido celebrada a primeira
missa pelo padre José Malta em 6 de abril de
1770. É a segunda igreja mais antiga do estado,
atrás apenas da Catedral de São Pedro,
em Rio Grande, e uma das mais citadas elogiosamente
por antigos viajantes estrangeiros em visita a estas
terras, contando-se as menções de Saint-Hilaire
em 1820 e Nicolau Dreys em 1849. |
Na
época da Revolução Farroupilha
já se acusava a necessidade de reparos urgentes,
que porém só viriam a ser efetivados em
1854, por Francisco José Pacheco Filho. Em julho
de 1938 foi tombada pelo Patrimônio Histórico
e Artístico Nacional.
Em seu entorno nada restou dos tempos coloniais, permanecendo
a igreja como uma relíquia singular, ainda que
esplêndida, da arquitetura setecentista no município. |
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A
Matriz é de traço barroco colonial, com
elementos rococós na decoração,
e por suas paredes espessas e feição imponente
assemelha-se a uma fortaleza, reflexo do período
de disputas de fronteira entre os territórios
português e espanhol na América do Sul.
Localizada na larga praça central da cidade,
sua entrada se dá através de um grande
adro com pequena escadaria e balaustrada. O frontispício,
em pedra, é discreto, mas a porta única,
central, mostra bela talha rococó, já
um tanto desgastada pelas intempéries. |
Aos
lados, duas colunas toscanas ornamentais que nada
sustentam terminam no segundo nível, onde se
abrem duas janelas de arco abatido fechadas por vitrais,
e tendo ao centro um óculo quadrifólio
com pontas entre os lobos.
Acima, um frontão em triângulo isósceles
nu é arrematado por uma cruz central e um perfil
em escada, acima do triângulo. O cornijamento
em toda a fachada é estreito e sem adornos.
O corpo da igreja é ladeado por duas torres
sineiras iguais, com aberturas estreitas junto à
base e arcos abertos no nível superior para
os sinos. São largas e muito espessas, e possuem
um oco exíguo que abriga apenas uma estreita
escada até o topo. O coruchéu tem ornamentação
simples com volutas discretas e bandeirolas.
A fachada traseira é bem menos ampla, acompanhado
as menores dimensões da capela-mor, e possui
apenas duas janelas retangulares estreitas no nível
térreo e um óculo pequeno redondo acima,
centralizado, e telhado visível em duas águas.
Em ambos os lados existem anexos térreos para
a sacristia e a secretaria, com entradas independentes,
igualmente em estilo barroco colonial.
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O
interior tem janelas altas, teto sem adornos em ripas
pintadas de azul claro, em arco abatido, e é
de nave única, dividindo-se apenas para delimitar
a capela-mor. À esquerda da entrada vemos um
batistério simples, contendo apenas uma pia batismal
de pedra, e é fechado por uma porta de folha
dupla vazada, em madeira torneada. Sobre a entrada um
grande coro de madeira, de linhas geométricas
simples e sustentado por duas colunas igualmente discretas.
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Existem
6 altares laterais, dedicados a Santa Bárbara,
São Miguel Arcanjo, Santa Ana, o Divino Espírito
Santo, Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora
das Dores, todos com vários níveis e nichos
para outras imagens secundárias. Apresentam uma
talha rococó de primeira linha, rica mas sem
sobrecarregamento, de inspiração extremanente
vigorosa e elegante, acabamento esmerado e com arremates
de assemelham a labaredas, de esplêndido efeito,
sendo todos de um mesmo desenho geral mas todos diferentes
nos detalhes, o que confere uma notável unidade
e ao mesmo tempo graciosa variedade à decoração
interna. |
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Na
capela-mor, com duas janelas laterais elevadas, com
balaústres e marcos decorados, ergue-se o altar-mor
em escada, dedicado a Nossa Senhora da Conceição,
com imagens secundárias de Nossa Senhora da Paz
e Santa Rosa de Lima.
O conjunto tem estilo ligeiramente diverso dos altares
menores, sendo naturalmente mais majestoso, mais arquitetural
e menos decorativista, tendendo a um barroco mais rigoroso,
mas também é de talha primorosa, com um
frontão movimentado em arcos interrompidos, volutas
e medalhões, de magnífico desenho. Acima,
no teto, aparece o único exemplar de pintura
mural em todo o interior (exceto pequenos adornos florais
sob o coro), com uma cena representando a Santíssima
Trindade, sem emolduramentos quaisquer, levando a crer
que se trate de fragmento remanescente e que originalmente
todo o teto da igreja, ou pelo menos o da capela-mor,
fosse decorado com pinturas. |
Passando-se
por dentro da capela-mor tem-se acesso à sacristia,
à esquerda, onde estão guardados o púlpito
e o ambão, removidos da nave para melhor preservação,
uma expressiva coleção de Bandeiras do
Divino de procissão, e uma capelinha também
de lavra rococó com douradura, fechada por portinholas
envidraçadas, com duas belas imagens de roca
processionais, uma representando o Senhor Morto e outra
o Senhor dos Passos. |
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Texto
pesquisado:
Os
habitantes presentes na região antes da colonização,
e presentes no território do município
até hoje, são os índios mbyá-guaranis
e kaingangs. A partir de 1732, o Rio Grande de São
Pedro - como era conhecido o Rio Grande do Sul - passou
a atrair colonizadores que se radicaram na região
de Viamão. Elevada à categoria de freguesia
em 1747, em 1763 acolheu a governança da província,
que até então tinha sede na Vila do
Rio Grande, e que foi transferida devido à
invasão pelos espanhóis. Viamão
se conservou sede do governo até 1773, quando
este, por razões práticas, passou ao
antigo Porto de Viamão, hoje Porto Alegre.
E em 1880 desmembra-se de Porto Alegre para tornar-se
vila e sede de um município independente.
Este
templo dedicado a Nossa Senhora da Conceição,
um dos mais significativos símbolos da identidade
local, foi erguido por Francisco Carvalho da Cunha,
que por volta de 1741 se estabelecera nos Campos de
Viamão, no sítio chamado Estância
Grande. O projeto foi do Brigadeiro José Custódio
de Sá e Faria, com desenho de Francisco da
Costa Sene, construtor e mestre-carpinteiro, e sua
construção durou de 1766 a 1769, tendo
sido celebrada a primeira missa pelo padre José
Malta em 6 de abril de 1770.
É
a segunda igreja mais antiga do estado, atrás
apenas da Catedral de São Pedro, em Rio Grande,
e uma das mais elogiadas por antigos viajantes estrangeiros
em visita a estas terras, contando-se as menções
de Auguste de Saint-Hilaire em 1820 e Nicolau Dreys
em 1849. Saint-Hilaire disse: "Depois
de São Paulo não tinha visto nenhuma
igreja comparável a essa, possuindo duas torres,
bem conservada, extremamente asseada, clara e ornamentada
com gosto. Pelas igrejas do Brasil pode-se aferir
do quanto seria o brasileiro capaz, se sua instrução
fosse mais cuidada e se tivesse alguns bons modelos
para orientar-se. Quem conhecer apenas as igrejas
das aldeias da França, achará que as
artes em nosso país ainda estão em sua
infância, dado o mau gosto das obras, o estilo
bárbaro dos ornatos, a violação
das regras da arte e tantos outros defeitos".[2]
Na época da Revolução Farroupilha
já se acusava a necessidade de reparos urgentes,
que porém só viriam a ser efetivados
em 1854, por Francisco José Pacheco Filho.
Em julho de 1938 foi tombada pelo Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional. Em seu
entorno nada restou dos tempos coloniais, permanecendo
a igreja como uma relíquia singular, ainda
que esplêndida, da arquitetura setecentista
no município.
O
prédio
A Matriz é de traço barroco colonial,
com elementos rococós na decoração,
e por suas paredes espessas e feição imponente
assemelha-se a uma fortaleza, reflexo do período
de disputas de fronteira entre os territórios
português e espanhol na América do Sul.
Localizada
na larga praça central da cidade, sua entrada
se dá através de um grande adro com
pequena escadaria e balaustrada. O frontispício,
em pedra, é discreto, mas a porta única,
central, mostra bela talha rococó, já
um tanto desgastada pelas intempéries. Aos
lados, duas colunas toscanas ornamentais que nada
sustentam terminam no segundo nível, onde se
abrem duas janelas de arco abatido fechadas por vitrais,
e tendo ao centro um óculo quadrifólio
com pontas entre os lobos. Acima, um frontão
em triângulo isósceles nu é arrematado
por uma cruz central e um perfil em escada, acima
do triângulo. O cornijamento em toda a fachada
é estreito e sem adornos.
O
corpo da igreja é ladeado por duas torres sineiras
iguais, com aberturas estreitas junto à base
e arcos abertos no nível superior para os sinos.
São largas e muito espessas, e possuem um oco
exíguo que abriga apenas uma estreita escada
até o topo. O coruchéu tem ornamentação
simples com volutas discretas e bandeirolas.
A
fachada traseira é bem menos ampla, acompanhado
as menores dimensões da capela-mor, e possui
apenas duas janelas retangulares estreitas no nível
térreo e um óculo pequeno redondo acima,
centralizado, e telhado visível em duas águas.
Em ambos os lados existem anexos térreos para
a sacristia e a secretaria, com entradas independentes,
igualmente em estilo barroco colonial.
O
interior tem janelas altas, teto sem adornos em ripas
pintadas de azul claro, em arco abatido, e é
de nave única, dividindo-se apenas para delimitar
a capela-mor. À esquerda da entrada vemos um
batistério simples, contendo apenas uma pia
batismal de pedra, e é fechado por uma porta
de folha dupla vazada, em madeira torneada. Sobre
a entrada um grande coro de madeira, de linhas geométricas
simples e sustentado por duas colunas igualmente discretas.
Existem
6 altares laterais, dedicados a Santa Bárbara,
São Miguel Arcanjo, Santa Ana, o Divino Espírito
Santo, Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora
das Dores, todos com vários níveis e
nichos para outras imagens secundárias. Apresentam
uma talha rococó de inspiração
vigorosa e elegante, acabamento esmerado e com arremates
que assemelham a labaredas, sendo todos de um mesmo
desenho geral mas todos diferentes nos detalhes, o
que confere unidade e ao mesmo tempo variedade à
decoração interna. Na capela-mor, com
duas janelas laterais elevadas, com balaústres
e marcos decorados, ergue-se o altar-mor em escada,
dedicado a Nossa Senhora da Conceição,
com imagens secundárias de Nossa Senhora da
Paz e Santa Rosa de Lima. O conjunto tem estilo ligeiramente
diverso dos altares menores, sendo naturalmente mais
majestoso, mais arquitetural e menos decorativista,
tendendo a um barroco mais rigoroso, mas também
é de talha primorosa, com um frontão
movimentado em arcos interrompidos, volutas e medalhões.
Acima, no teto, aparece o único exemplar de
pintura mural em todo o interior (exceto pequenos
adornos florais sob o coro), com uma cena representando
a Santíssima Trindade.
Passando-se
por dentro da capela-mor tem-se acesso à sacristia,
à esquerda, onde estão guardados o púlpito
e o ambão, removidos da nave para melhor preservação,
uma expressiva coleção de Bandeiras
do Divino de procissão, e uma capelinha também
de lavra rococó com douradura, fechada por
portinholas envidraçadas, com duas belas imagens
de roca processionais, uma representando o Senhor
Morto e outra o Senhor dos Passos.
•
O
prédio
Dada a colonização açoriana em
Viamão, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição
realiza, tradicionalmente, a Novena e Festa do Divino
Espírito Santo (Pentecostes). Na festa, há
as tradicionais Bandeiras do Divino, que percorrem
as casas da Cidade. Para esta Novena, são convidadas
as Comunidades filiais (Capelas) e Escolas da região.
Igualmente,
de forma anual, de 29 de novembro a 07 de dezembro,
é realizada a novena em honra à Padroeira
da Paróquia e do Município de Viamão.
No dia 08 de dezembro, é comemorada a grande
Solenidade da Imaculada Conceição de
Nossa Senhora, com Missas e procissão pela
Cidade.
•
Missas e visitação à Igreja.
A igreja está aberta à visitas, por
acesso pela secretaria paroquial, de terça-feira
a sábado, das 8h às 12h e das 13h30min
às 18h (aos sábados até às
17h).
As
missas são celebradas nos seguintes horários:
de terça-feira a sexta-feira às 18h30min;
Sábados às 18h; Domingos às 9h
e 18h.
Nas segundas-feiras, não há missa nem
visitação.
•
Curiosidades
Na igreja Nossa Senhora da Conceição
encontra-se a urna mortuária do Padre João
Dinis Álvares de Lima, primeiro Padre Gaúcho.
Além dela, há os restos mortais de um
casal (não identificado) que esteve presente
na Guerra do Paraguai.[3]
Estilo dominante: Barroco
Construção: 1769
Religião: Catolicismo Romano
Diocese Arquidiocese de Porto Alegre
Sacerdote: Dom Jaime Spengler
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